Rompo todos os meus laços e todos os meios me parecem escassos
Saí do teu ventre quente há pouquinho, mesmo agora
Não sei se estou preparado para o que vou encontrar cá fora
Abro caminho na escuridão à procura de uma mão
Que me leve a bom porto sem cair em perdição
Conheci a perfeição da mais bela ilusão
Não preciso da redenção do teu falso perdão
Para me dares quase tudo, tiraste-me quase tudo
Paciente, omnisciente, cego, surdo e mudo
Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida
Aproveito para te escrever a minha despedida
A ilusão, desilusão
Reaprendo a falar, reaprendo a pensar
Reaprendo a comunicar, reaprendo a saber estar
Se bem me lembro costumavas fazer tudo por mim
E eu já nem me importava que fosse mesmo assim
Ao princípio foi difícil mas vai valendo a pena
Nunca pensei que a vida pudesse ser serena
Sem ti, ao lado de ti, para ti e só para ti
Para não me esquecer de ti, escrevo sobre ti
Reduzo-te agora ao teu verdadeiro valor
Só no meu imaginário poderás ser o meu amor
Para me dares quase tudo, tiraste-me quase tudo
Paciente, omnisciente, cego, surdo e mudo
Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida
Aproveito para te escrever a minha despedida
A ilusão, desilusão.
Carlos Nobre Neves